26 de jan. de 2011

SOBRE A BÍBLIA - POR ROBERT G. INGERSOLL - PARTE II


O Velho Testamento é inspirado?

Caso fosse, deveria ser um livro que nenhum outro homem — ou grupo de homens — pudesse produzir.
Deveria conter a perfeição da filosofia.
Deveria estar totalmente de acordo com cada fato da natureza.
Não deveria conter erros em astronomia, geologia ou em quaisquer outros assuntos ou ciências.
Sua moral deveria ser a mais sublime e pura.
Suas leis e suas regras para controle de conduta deveriam ser justas, sábias, perfeitas e perfeitamente adequadas aos fins visados.
Não deveria conter quaisquer coisas que tornassem o homem cruel, vingativo ou infame.
Deveria estar repleto de inteligência, de justiça, de pureza, de honestidade, de clemência e de espírito de liberdade.
Deveria opor-se à contenda, à guerra, à escravidão, à cobiça, à ignorância, à credulidade e à superstição.
Deveria desenvolver o intelecto e civilizar o coração.
Deveria satisfazer o coração e a mente dos melhores e dos mais sábios.
Deveria ser verdadeiro.
O Velho Testamento satisfaz esses quesitos?
Há algo no Velho Testamento — na história, na teoria, na lei, na moral, na ciência — acima e além das ideias, das crenças, dos costumes e dos preconceitos de seus autores e dos povos entre os quais viveram?
Há qualquer indício de uma iluminação de origem sobrenatural?
Os antigos hebreus acreditavam que a Terra era o centro do Universo e que o sol, a lua e as estrelas eram manchas no céu.
Com isso a Bíblia concorda.
Pensavam que a Terra era plana, com quatro cantos; que o céu, o firmamento, era sólido — o piso da morada de Jeová.
A Bíblia ensina o mesmo.
Imaginavam que o sol viajava ao redor da Terra e que, parando-se o sol, o dia poderia ser prolongado.
A Bíblia concorda com isso.
Acreditavam que Adão e Eva foram os primeiros seres humanos; que haviam sido criados poucos anos antes deles — os hebreus —, e que eles próprios eram seus descendentes diretos.
Isso a Bíblia ensina.
Se há algo certo, é que os autores da Bíblia estavam enganados sobre a criação, a astronomia, a geologia; sobre as causas dos fenômenos, a origem do mal e as causas da morte.
Deve-se admitir que, se um Ser infinito é o autor da Bíblia, então deveria saber todas as ciências, todos os fatos, e estar acima de quaisquer erros.
Se, entretanto, existem erros, enganos, falsas teorias, mitos ignorantes e asneiras na Bíblia, então deve ter sido escrita por seres finitos; ou seja, por homens ignorantes e equivocados.
Nada poderia ser mais óbvio que isso.
Por séculos a Igreja insistiu que a Bíblia era absolutamente veraz; que não continha quaisquer erros; que a história da criação era verdadeira; que sua astronomia e geologia estavam de acordo com os fatos; que os cientistas que discordavam do Velho Testamento eram infiéis e ateus.
Agora as coisas mudaram. Os cristãos educados admitem que os autores da Bíblia não estavam inspirados para as ciências. Agora dizem que Deus — ou Jeová — não inspirou os autores desse livro com a finalidade de instruir o mundo sobre astronomia, geologia ou qualquer ciência. Agora admitem que os homens inspirados que escreveram o Velho Testamento desconheciam totalmente qualquer ciência, e que escreveram sobre a Terra, as estrelas, o sol e a lua de acordo com a ignorância da época.
Foram necessários muitos séculos para forçar os teólogos a admitirem isso. Com relutância, cheios de malícia e ódio, os padres se retirarem de campo, deixando a vitória com a ciência.
Então tomaram outra posição.
Declararam que os autores — ou os escritores — da Bíblia estavam inspirados sobre coisas espirituais e morais; que Jeová queria que seus filhos soubessem de sua vontade e de seu amor infinito; que Jeová, vendo seu povo corrompido, ignorante e depravado, desejou torná-lo compassivo, justo, sábio e espiritual, e que a inspiração da Bíblia reside nas ideias sobre leis, na religião que ensina e em suas ideias governamentais.
Esta é a questão agora:
A Bíblia está mais próxima da verdade em suas noções sobre justiça, piedade, moral ou religiosidade do que está em suas noções sobre ciência? A Bíblia é moral?
Ela apoia a escravidão — ela sanciona poligamia.
Será que algum demônio conseguia fazer pior?
Ela é misericordiosa?
Na guerra, ela alçava a bandeira negra; comandava a destruição e o massacre de todos — dos idosos, dos fracos, dos inválidos, das mulheres e dos bebês.
Suas leis são inspiradas?
Centenas de ofensas eram punidas com a morte. Trabalhar nos domingos ou assassinar seu pai na segunda eram crimes de mesmo peso. Na literatura mundial não há qualquer código de leis mais sangrento. A lei da vingança — da retaliação — era a lei de Jeová. Olho por olho, dente por dente, membro por membro.
Isso é selvageria — não filosofia.
Ela é justa e racional?
A Bíblia contrapõe-se à tolerância religiosa — à liberdade religiosa. Todos que discordassem da maioria eram apedrejados até a morte. Investigar era um crime. Maridos eram ordenados a denunciar e ajudar no assassinato de suas esposas descrentes.
A Bíblia é civilizada?
Ela apoia a mentira, o furto, o roubo, o assassinato, a venda de carne estragada a estranhos e até o sacrifício de seres humanos a Jeová.
Ela é filosófica?
Ensina que os pecados das pessoas podem ser transferidos a um animal — a um bode. Faz da maternidade uma ofensa que precisa ser compensada com uma oferenda.
Dar luz a um menino era mau, dar luz a uma menina era duas vezes mau. (cf. Levítico 12)
Produzir o óleo que os padres utilizavam era uma ofensa passível de pena de morte.
O sangue de um pássaro morto em água corrente era considerado medicinal. (cf. Levítico 14)
Um Deus civilizado sujaria seu altar com o sangue de bois, ovelhas e pombas? Transformaria todos padres em açougueiros? Deliciaria-se com o odor de carne queimando?

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NOTA DESTE BLOGGER: O QUE TEMOS A FALAR SOBRE ISSO?

7 comentários:

  1. Para mim, o livro de Jó onde há uma aposta entre Deus e o diabo pra ver o quanto o servo fiel aguenta sofrer e ainda assim glorificar a Deus já é injusto o suficiente para eu não considerar a bíblia inspirada por Deus.
    No momento dessa aposta os dois rivais parecem mais antigos amigos.
    Sem falar que no mesmo livro, no capítulo 40 em diante lemos claramente a descrição de um dragão que cospe fogo, traduzido como beemote ou até hipopótamo. Ou seja, acreditar na veracidade total bíblica é o mesmo que acreditar que existiram dragões.

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  2. Miranda, não critico quem escreveu a bíblia, a ética e o moral ensinados na época primitiva era conveniente para aquela sociedade.O ser humano evoluiu, descobriu coisas. Não critico o néscio que, por falta de acesso à informação, acredita na bíblia.Tenho pena do idiota que se acha culto interpretando a bíblia e assina VEJA,ÉPOCA e tem TV em casa.
    Abraços.

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  3. Amigos
    Não estou simplesmente lançando as informações como essas aqui a esmo, mas em cada artigo, busco pesquisar e me confrontar com a verdade do que está se falando neles. Não estou fazendo isso por raiva ou mesmo para atingir alguém ou alguma igreja ou porque estou revoltado com alguma coisa, mas porque existem fundamentos nestas colocações e preciso rever muitas coisas.
    O que o Alexandre falou sobre Jó eu nunca tinha visto por esse ângulo e creio que era idiota como falou o Altamirando me achando culto interpretando algo que para mim hoje é absurdo.
    Abraços e obrigado por virem no blog.

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  4. Aproveitando Altamirando, tenho Veja, TV a Cabo, internet e plano de saúde rsrsrsrs.

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  5. Quando falo sobre Jó, muitos tentam me convencer que a justiça foi feita quando ele teve tudo compensado em dobro. Daí pergunto? Você tem filho? Quem tem sabe que filho não se substitui com outros filhos. Portanto...

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  6. Miranda, Deus provou o quê para Jó ou para quem? Ou só inflou seu ego como no Eden e com Abraão.
    Você não era um idiota nem se achava um culto, você só era um cristão, achava que a bíblia tinha razão e era irrefutável. Só isto...He,he,he.
    Depois você passou a perceber a necessidade do plano de saúde, assinou revistas e descobriu a internet. Se tornou um herege. Agora Deus tem projetos para você, o mesmo que proteje o pára-raio da igreja.
    Abraços.

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  7. Altamirando
    Concordo com você rsrsrsrsrsrsrs.
    Grande abraço meu amigo.

    Alexandre
    É isso aí mesmo.

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