27 de fev. de 2011

Um ano depois do suicídio reacionário

  POR BRUNO PONTES

Meu artigo no jornal O Estado

Finalmente o PT lançou uma nota de solidariedade aos iranianos que foram protestar nas ruas contra o regime de Mahmoud Ahmadinejad: “O Partido dos Trabalhadores saúda o povo egípcio e presta total solidariedade à luta dos povos árabes e de toda a região contra governos ditatoriais, corruptos e violadores dos direitos humanos. Ao cabo de dezoito dias de luta nas ruas de Cairo e outras cidades do Egito, seu povo - jovens, estudantes, trabalhadores, funcionários, classe média -, defendendo as bandeiras de pão, emprego, justiça social, progresso, liberdade e democracia, derrubou o regime antipopular e ditatorial de Hosni Mubarak”.

Perdão. Embaralhei os papéis e transcrevi a nota do PT dedicada aos egípcios. Agora sim segue a mensagem dos petistas ao povo do Irã: “O PT se une aos que desejam que as esperanças que iluminaram as mentes e os corações dos milhões de manifestantes que lotaram as praças, enfrentando a repressão policial e toda sorte de dificuldades, não sejam confiscadas nem traídas, e que a voz do povo se faça ouvir, interna e internacionalmente”.

Na verdade, essa ainda é a mensagem dedicada ao Egito. Procurei uma nota do PT simpática aos iranianos e não encontrei. Transformados em freedom fighters da noite pro dia, os esquerdistas agora querem derrubar ditadores do Oriente Médio, mas não todos. Ahmadinejad, por exemplo, pode ficar sossegado. Como em 2009, os rebeldes pacíficos do Irã serão presos ou executados sem que a esquerda espalhe correntes de solidariedade às vítimas. O assunto só interessa aos iranianos, como nos ensinou Lula, o sujeito que considera Muamar Kadafi “meu amigo, meu irmão e líder” (01/07/2009).

Já a questão egípcia transcende fronteiras, pois a Irmandade Muçulmana pode chegar ao poder, incrementar o bloco terrorista antiamericano, romper 31 anos de paz com Israel e juntar-se a Ahmadinejad e companhia na guerra à única democracia do Oriente Médio - ou, no linguajar da esquerda, promover um governo verdadeiramente progressista. Para o PT, Israel comete terrorismo ao não cometer suicídio ante o terrorismo islâmico, e a reação israelense a oito anos de foguetes do Hamas equivale às práticas do regime nacional-socialista. É a mesma opinião de Ahmadinejad, que financia o Hamas e de quem Lula é assessor em assuntos atômicos.

Ontem fez um ano da morte de Orlando Zapata. Na ânsia de trair o comunismo cubano, ele dirigiu-se a uma cela, ficou lá alguns anos, parou de comer e maquiavelicamente deixou-se morrer, bem quando Lula visitava os irmãos Castro. Duas semanas depois do suicídio reacionário de Zapata, o grande timoneiro petista igualou os presos políticos cubanos aos bandidos de São Paulo. Escute a lição: “Eu penso que a greve de fome não pode ser utilizada como pretexto de direitos humanos para libertar pessoas. Imagina se todos os bandidos que estão presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade. Temos que respeitar a determinação da Justiça e do governo cubano”. Sobre o Egito, Lula disse que “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”. No Irã e em Cuba, a depender de Lula, nunca vai furar.

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