28 de fev. de 2011

FUMAR CONTINUA MATANDO DEMAIS!! PERCA UM TEMPO, MAS LEIA.


Fumaça Radioativa
A indústria do tabaco sabe há décadas como remover isótopo perigoso dos cigarros, mas se omite. Agora, o governo americano pode forçar uma mudança de comportamento nesta área. No Brasil mortes por tabagismo somam 552 vítimas a cada dia
por Brianna Rego DA SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL
Em novembro de 2006, a morte do ex-agente da kgb Alexander Litvinenko em um hospital de Londres tinha todas as marcas de um assassinato da Guerra Fria. Apesar da intriga, o veneno que o matou, um isótopo radioativo raro, o polônio-210, é bem mais difundido que imaginamos: pessoas no mundo todo fumam quase 6 trilhões de cigarros por ano, e cada um deles manda uma pequena quantidade desse elemento para os pulmões. Tragada a tragada, o veneno se acumula em quantidade equivalente a 300 raios X de tórax por ano para uma pessoa que fuma um maço e meio por dia.

Apesar de o polônio não ser o principal carcinógeno na fumaça do cigarro, pode causar milhares de mortes por ano apenas nos Estados Unidos. E o que o diferencia é que essas mortes poderiam ser evitadas por medidas simples. A indústria do tabaco sabe da presença do polônio nos cigarros há quase 50 anos. Pesquisando os documentos internos da indústria tabagista, descobri que os fabricantes até desenvolveram processos que cortariam dramaticamente as concentrações desse isótopo. Mas escolheram conscientemente não tomar qualquer iniciativa e manter as pesquisas em segredo. Consequentemente, os cigarros contêm tanto polônio hoje quanto há meio século.

Mas esta situação pode estar a ponto de mudar. Em junho de 2009, o presidente americano, Barack Obama, assinou a Lei de Prevenção ao Fumo em Família e Controle do Tabaco. A legislação traz pela primeira vez o tabaco para a jurisdição da Food and Drug Administration (FDA), permitindo à agência regular certos componentes dos cigarros. Forçar a indústria a finalmente remover o polônio seria uma das maneiras mais diretas de torná-los menos mortíferos.

A primeira pista de que o polônio-210 estava chegando aos pulmões dos fumantes veio quase por acaso. No início da década de 60, os efeitos da radiação na saúde, e em particular do decaimento radioativo, estavam presentes na mente dos cientistas – assim como na da maioria das outras pessoas. Na época, a radioquímica Vilma R. Hunt e seus colegas da Harvard School of Public Health desenvolviam uma técnica para medir níveis muito baixos de rádio e polônio, os dois elementos descobertos por Pierre e Marie Curie em 1898. Ela conta que, em um dia de 1964, estava passando os olhos pelo laboratório quando eles pousaram nas cinzas do cigarro de um colega. Por curiosidade, ela decidiu testar as cinzas com sua nova técnica.

Quando Vilma observou os resultados, ficou surpresa por não encontrar sinais de polônio. Concentrações residuais de isótopos radioativos são comuns no ambiente e contribuem para a radiação de fundo natural. Nenhum outro material orgânico, incluindo as plantas, dera um resultado negativo para o polônio na presença do rádio. Mas na temperatura do tabaco em brasa, o polônio se transforma em vapor. Então, ela subitamente percebeu que o polônio que faltava deveria ter virado fumaça! E isso significava que os fumantes o inalariam diretamente para os pulmões.

Corridas ao hospital
Junto com Edward P. Radford, seu colega de Harvard, Vilma Hunt publicou a descoberta – com medições diretas do polônio na fumaça do cigarro – na revista Science. Logo outros, em Harvard, começaram a estudar o polônio tanto nos cigarros quanto nos pulmões dos fumantes. Em 1965, o radiologista e médico John B. Little examinou o tecido pulmonar de fumantes em busca de sinais de polônio. A tarefa não foi fácil. Conseguir amostras de tecidos vivos teria sido invasivo demais, então ele teve de trabalhar com cadáveres. O problema é que o revestimento mucoso do pulmão decai duas ou três horas após a morte. Ele deveria extraí-lo logo após a morte, o que envolvia várias corridas ao hospital em diferentes horas do dia e da noite. Little conseguiu demonstrar que o polônio realmente se acumulava em áreas específicas do pulmão. Por causa da forma com que nossas vias aéreas se ramificam nos brônquios, bronquíolos e alvéolos, os radioisótopos se concentram nos pontos de bifurcação. Ali, eles formam focos de radioatividade, emitindo partículas alfa.

Nos dez anos seguintes, os cientistas continuaram a pesquisar o polônio na fumaça dos cigarros e o modo com que ele chega à planta de tabaco em si – e, portanto, em que estágio do processo de manufatura do cigarro ele pode ser retirado de modo mais eficiente.
O polônio-210 é produto do decaimento do chumbo-210. No artigo de 1964, Radford e Hunt especularam sobre duas possibilidades: ou os produtos do decaimento do radônio-222 natural na atmosfera, que incluem o chumbo-210, se depositavam nas folhas, ou o chumbo-210 do solo fertilizado era absorvido pelas raízes da planta. Como se verificou mais tarde, ambas estavam corretas.

Pesquisadores do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) verificaram a questão do polônio nos fertilizantes. Um experimento de 1966, feito pelo USDA e pela Comissão de Energia Atômica, testou dois tipos diferentes de fertilizantes, um “superfosfato” comercial e uma mistura especial feita de fosfato de cálcio quimicamente puro. As diferenças foram notáveis. O fertilizante comercial tinha cerca de 13 vezes mais rádio-226 que a mistura especial, resultando em quase sete vezes mais polônio nas folhas. Edward Martell, do National Center for Atmospheric Research (Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas), em Boulder, Colorado, retomou a questão em 1974. Ele sugeriu que solos contendo fertilizantes de fosfato ricos em urânio liberariam radônio-222 na atmosfera, levando sua concentração para níveis acima dos normais. O radônio decairia para chumbo-210, que se depositaria nas plantas em crescimento, aderindo aos milhares de pequenos pelos chamados tricomas que cobrem as folhas de tabaco.

Assim como o grupo de Harvard, Martell também estava preocupado com o acúmulo de polônio-210 em certas áreas do pulmão. Já era aceito havia algum tempo que a exposição à radiação dos produtos do decaimento do radônio era a principal causa do aumento do risco de câncer nos mineradores de urânio. Assim, ele argumentou que a exposição crônica dos fumantes a doses baixas e concentradas de polônio-210 podia ser a principal causa de câncer de pulmão e talvez – como sugeriria depois – também de outros tipos de câncer.

Assim como no caso dos mineiros, o perigo não viria com uma dose alta em um dado momento, mas com a exposição contínua a doses baixas por um período extenso. Um fumante estoca seu suprimento de polônio a cada trago; portanto, a alta exposição associada a uma vida inteira de fumo lhe traria risco de câncer, apesar da dosagem relativamente baixa de polônio- 210 por cigarro. Em 1974, após introduzir polônio na traqueia de ratos, Litlle e um colega seu de Harvard, William O’Toole, puderam confirmar a hipótese: 94% dos ratos no grupo de exposição mais alta desenvolveram tumores de pulmão com doses tão pequenas que seus tecidos não mostravam inflamações.

Desde então, é claro, outros componentes da fumaça do cigarro também se mostraram carcinógenos potentes, e hoje a maioria dos especialistas provavelmente diria que os principais são compostos como hidrocarbonetos policíclicos aromáticos e nitrosaminas. Ainda assim, estimativas conservadoras baseadas no risco de exposição à radiação sugerem que o polônio-210 pode ser responsável por 2% dos cânceres de pulmão induzidos pelo fumo, o que significa milhares de mortes por ano apenas nos Estados Unidos. Alguns especialistas apontam que os efeitos do dano pela radiação e outros carcinógenos provavelmente exacerbam uns aos outros. Para a indústria do tabaco, o polônio parecia perigoso o bastante para exigir estudos extensivos.

“SEM VANTAGENS COMERCIAIS ”
Em contraste com os cientistas externos, os pesquisadores da indústria nunca publicaram seus estudos sobre o polônio nem divulgaram a existência deles. Mas nos anos 90 julgamentos históricos provocados por 46 estados americanos contra a indústria forçaram os fabricantes a admitir que o fumo é perigoso e cria dependência, o que resultou na liberação de milhões de documentos internos. Milhares deles mostravam que o polônio havia sido extensamente debatido dentro da indústria por muito tempo, até nos escalões mais altos.

O artigo original de Radford e Vilma apareceu poucos dias após o aviso do chefe do Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos sobre os riscos do fumo expedido em 11 de janeiro de 1964. Imediatamente após a publicação desses dois documentos, memorandos internos mostram que os fabricantes começaram a se preocupar, porque poderiam enfrentar um desastre de relações públicas caso viesse a público o que sabiam sobre o polônio. Ciente do risco, a indústria logo começou a direcionar recursos humanos e financeiros para o desenvolvimento de programas internos de pesquisas sobre o polônio, feitos a portas fechadas.

Em 1977, por exemplo, pesquisadores da Philip Morris completaram um rascunho de artigo chamado “Ocorrência natural de produtos do decaimento do Radônio-222 no tabaco e condensado de fumaça”, que os autores queriam enviar à revista Science. O diretor de desenvolvimento de produtos enfatizou em um memorando de 1978 para outro cientista que ele tinha medo de publicá-lo. Esse cientista respondeu: “Ele tem o potencial de acordar um gigante adormecido. O assunto é barulhento e não acho que devamos fornecer dados”. O que preocupava o departamento legal da Philip Morris era que, apesar dos números diferentes, o artigo essencialmente concordava com a pesquisa publicada: há polônio no tabaco, e ele é perigoso. Em meados de julho, conforme sugestão do departamento jurídico, o texto não teve aprovação para ser publicado.

Os fabricantes de cigarro, no entanto, continuavam a monitorar as pesquisas externas sobre o assunto e a explorar soluções potenciais para o problema do polônio. Eles debatiam os prós e os contras de diversas formas de reduzir o polônio na fumaça do cigarro, entre elas a adição de materiais ao tabaco que reagissem com o chumbo e o polônio para evitar sua transferência para a fumaça e o desenvolvimento de um filtro que bloqueasse o vapor de polônio. Outra opção direta, que se seguiu à pesquisa de Martell nos anos 70, era lavar as folhas de tabaco com uma solução diluída de peróxido de hidrogênio. Outras ideias incluíam o uso de fertilizantes com limite de produtos do decaimento do urânio-238 e a remoção dos tricomas coletores de chumbo das folhas curadas. “Chegamos até a tentar modificar geneticamente a planta de tabaco” para que as folhas ficassem lisas, diz William A. Farone, ex-diretor de pesquisa aplicada qa Philip Morris que mais tarde virou crítico das práticas da indústria e hoje trabalha como consultor do FDA.

Em 1975, o cientista do FDA T. C. Tso estimou que entre 30% e 50% do polônio poderia ser facilmente removido do fertilizante e que a lavagem eliminaria mais 25%. Adicionando a isso os efeitos de um filtro, o polônio do tabaco poderia ter sido quase completamente eliminado. Mas, como dizia um memorando de R. J. Reynolds, “a remoção desses materiais não traria vantagens comerciais”.

O polônio poderia ser um excelente primeiro “veneno” a ser banido do tabaco. É um único isótopo, em vez de um ingrediente complexo do fumo. Outros, como o alcatrão e o monóxido de carbono, são difíceis de tirar da fumaça, mas o polônio, não. As quatro décadas de pesquisas da indústria podem dar ao FDA um bom começo para obter resultados concretos. Além disso, alguns dos mesmos passos que reduziriam as concentrações de polônio na fumaça – como a lavagem das folhas de tabaco – também poderiam ajudar a remover metais tóxicos como chumbo, arsênico e cádmio. Esse é precisamente o tipo de regulação e mudança que o FDA tem agora o poder de promover.

A Organização Mundial da Saúde deixou claro que o fumo é a causa de morte mais evitável. Ela estima que 1,3 milhão de pessoas morram de câncer no pulmão no mundo todo a cada ano, 90% por causa do fumo. [No Brasil, mais de 200 mil pessoas são vítimas dos cigarros anualmente, segundo dados do Ministério da Saúde. Diariamente, 552 pessoas morrem no Brasil vitimadas pelo tabagismo.] Se o polônio tivesse sido reduzido por métodos conhecidos pela indústria, milhares dessas mortes poderiam ter sido evitadas. Os advogados da indústria escolheram conscientemente não agir sobre os resultados das pesquisas de seus próprios cientistas. Mas são os consumidores que devem viver com essa decisão. E morrer por causa dela.

27 de fev. de 2011

Um ano depois do suicídio reacionário

  POR BRUNO PONTES

Meu artigo no jornal O Estado

Finalmente o PT lançou uma nota de solidariedade aos iranianos que foram protestar nas ruas contra o regime de Mahmoud Ahmadinejad: “O Partido dos Trabalhadores saúda o povo egípcio e presta total solidariedade à luta dos povos árabes e de toda a região contra governos ditatoriais, corruptos e violadores dos direitos humanos. Ao cabo de dezoito dias de luta nas ruas de Cairo e outras cidades do Egito, seu povo - jovens, estudantes, trabalhadores, funcionários, classe média -, defendendo as bandeiras de pão, emprego, justiça social, progresso, liberdade e democracia, derrubou o regime antipopular e ditatorial de Hosni Mubarak”.

Perdão. Embaralhei os papéis e transcrevi a nota do PT dedicada aos egípcios. Agora sim segue a mensagem dos petistas ao povo do Irã: “O PT se une aos que desejam que as esperanças que iluminaram as mentes e os corações dos milhões de manifestantes que lotaram as praças, enfrentando a repressão policial e toda sorte de dificuldades, não sejam confiscadas nem traídas, e que a voz do povo se faça ouvir, interna e internacionalmente”.

Na verdade, essa ainda é a mensagem dedicada ao Egito. Procurei uma nota do PT simpática aos iranianos e não encontrei. Transformados em freedom fighters da noite pro dia, os esquerdistas agora querem derrubar ditadores do Oriente Médio, mas não todos. Ahmadinejad, por exemplo, pode ficar sossegado. Como em 2009, os rebeldes pacíficos do Irã serão presos ou executados sem que a esquerda espalhe correntes de solidariedade às vítimas. O assunto só interessa aos iranianos, como nos ensinou Lula, o sujeito que considera Muamar Kadafi “meu amigo, meu irmão e líder” (01/07/2009).

Já a questão egípcia transcende fronteiras, pois a Irmandade Muçulmana pode chegar ao poder, incrementar o bloco terrorista antiamericano, romper 31 anos de paz com Israel e juntar-se a Ahmadinejad e companhia na guerra à única democracia do Oriente Médio - ou, no linguajar da esquerda, promover um governo verdadeiramente progressista. Para o PT, Israel comete terrorismo ao não cometer suicídio ante o terrorismo islâmico, e a reação israelense a oito anos de foguetes do Hamas equivale às práticas do regime nacional-socialista. É a mesma opinião de Ahmadinejad, que financia o Hamas e de quem Lula é assessor em assuntos atômicos.

Ontem fez um ano da morte de Orlando Zapata. Na ânsia de trair o comunismo cubano, ele dirigiu-se a uma cela, ficou lá alguns anos, parou de comer e maquiavelicamente deixou-se morrer, bem quando Lula visitava os irmãos Castro. Duas semanas depois do suicídio reacionário de Zapata, o grande timoneiro petista igualou os presos políticos cubanos aos bandidos de São Paulo. Escute a lição: “Eu penso que a greve de fome não pode ser utilizada como pretexto de direitos humanos para libertar pessoas. Imagina se todos os bandidos que estão presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade. Temos que respeitar a determinação da Justiça e do governo cubano”. Sobre o Egito, Lula disse que “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”. No Irã e em Cuba, a depender de Lula, nunca vai furar.

19 de fev. de 2011

EMAIL MEDÍOCRE

Ontem recebi um email em que nos mostrava uma senhora pobre pedindo uma ajuda para um comerciante que se mostra bastante ríspido e mal. O nome é a balança de Deus, se não me engano.
Fico imaginando até quando esse povo será tão mesquinho com envio de mensagens tão medíocres e acreditando que a vida se resume aquilo que vi.
Como numa novela ditada pela própria Rede Globo que, para justificar a traição de um marido à sua esposa ou vice-versa, sempre coloca a outra pessoa como megera, malvada, ditadora e que ela tem o castigo que mereceu. 
Conta a tal estória que a mulher foi humilhada pelo comerciante que zombando de sua pobreza a fez escrever em um papel o que ela estava precisando para a sua casa e que colocasse na balança. O que desse de peso contra o papel seria dela. Na continuação ela escreve aquilo que precisa e coloca o papel na balança e no resumo, a balança permanece pesando em favor do papel quanto mais ela colocava mantimentos do outro lado. Fico imaginando o tamanho do prato do outro lado, pois ela saiu com duas cestas cheias.
O mais engraçado é que as pessoas pedem que você repasse essas mensagens para demonstrar o poder de Deus atuando naquela hora, segurando a balança. Digo que se, realmente for a mão de Deus segurando aquela balança, o chamo de ladrão, de estar roubando ao comerciante. É o mesmo que eu indo à uma feira, segure a balança do feirante para ele colocar tantas quantas frutas eu quiser. Isso para mim é enganação, falcatrua, roubo. O comerciante não tem culpa se existe a pobreza ou se a senhora é pobre. Se ele tem o que tem, é porque trabalhou, suou, correu atrás. O que muitas pessoas deveriam fazer. 
Creio muitos fazem o bem independente de cultura religiosa e existem muitos comerciantes que podem e ajudam às pessoas, mas colocar uma mensagem como essa para que a gente se sinta feliz é ridículo. Se contentar com migalhas já faz parte deste povo que não cresce e não busca o desenvolvimento da razão, somente a emoção, tão acostumados a receberem ilusões.
Portanto, vamos buscar o crescimento intelectual, vamos buscar coisas mais inteligentes para se fazer do que ficar com uma vidinha medíocre a espera do fim, que nem vem.

DEUS NOS LIVRE DE UM BRASIL EVANGÉLICO

POR RICARDO GONDIM
NOTA: GOSTEI DESTE TEXTO, POR ISSO O PUBLIQUEI.


Começo este texto com uns 15 anos de atraso. Eu explico. Nos tempos em que outdoors eram permitidos em São Paulo, alguém pagou uma fortuna para espalhar vários deles, em avenidas, com a mensagem: “São Paulo é do Senhor Jesus. Povo de Deus, declare isso”.
Rumino o recado desde então. Represei qualquer reação, mas hoje, por algum motivo, abriu-se uma fresta em uma comporta de minha alma. Preciso escrever sobre o meu pavor de ver o Brasil tornar-se evangélico. A mensagem subliminar da grande placa, para quem conhece a cultura do movimento, era de que os evangélicos sonham com o dia quando a cidade, o estado, o país se converterem em massa e a terra dos tupiniquins virar num país legitimamente evangélico.
Quando afirmo que o sonho é que impere o movimento evangélico, não me refiro ao cristianismo, mas a esse subgrupo do cristianismo e do protestantismo conhecido como Movimento Evangélico. E a esse movimento não interessa que haja um veloz crescimento entre católicos ou que ortodoxos se alastrem. Para “ser do Senhor Jesus”, o Brasil tem que virar "crente", com a cara dos evangélicos. (acabo de bater três vezes na madeira).
Avanços numéricos de evangélicos em algumas áreas já dão uma boa ideia de como seria desastroso se acontecesse essa tal levedação radical do Brasil.
Imagino uma Genebra brasileira e tremo. Sei de grupos que anseiam por um puritanismo moreno. Mas, como os novos puritanos tratariam Ney Matogrosso, Caetano Veloso, Maria Gadu? Não gosto de pensar no destino de poesias sensuais como “Carinhoso” do Pixinguinha ou “Tatuagem” do Chico. Será que prevaleceriam as paupérrimas poesias do cancioneiro gospel? As rádios tocariam sem parar “Vou buscar o que é meu”, “Rompendo em Fé”?
Uma história minimamente parecida com a dos puritanos provocaria, estou certo, um cerco aos boêmios. Novos Torquemadas seriam implacáveis e perderíamos todo o acervo do Vinicius de Moraes. Quem, entre puritanos, carimbaria a poesia de um ateu como Carlos Drummond de Andrade?
Como ficaria a Universidade em um Brasil dominado por evangélicos? Os chanceleres denominacionais cresceriam, como verdadeiros fiscais, para que se desqualificasse o alucinado Charles Darwin. Facilmente se restabeleceria o criacionismo como disciplina obrigatória em faculdades de medicina, biologia, veterinária. Nietzsche jazeria na categoria dos hereges loucos e Derridá nunca teria uma tradução para o português.
Mozart, Gauguin, Michelangelo, Picasso? No máximo, pesquisados como desajustados para ganharem o rótulo de loucos, pederastas, hereges.
Um Brasil evangélico não teria folclore. Acabaria o Bumba-meu-boi, o Frevo, o Vatapá. As churrascarias não seriam barulhentas. O futebol morreria. Todos seriam proibidos de ir ao estádio ou de ligar a televisão no domingo. E o racha, a famosa pelada, de várzea aconteceria quando?
Um Brasil evangélico significaria que o fisiologismo político prevaleceu; basta uma espiada no histórico de Suas Excelências nas Câmaras, Assembleias e Gabinetes para saber que isso aconteceria.
Um Brasil evangélico significaria o triunfo do “american way of life”, já que muito do que se entende por espiritualidade e moralidade não passa de cópia malfeita da cultura do Norte. Um Brasil evangélico acirraria o preconceito contra a Igreja Católica e viria a criar uma elite religiosa, os ungidos, mais perversa que a dos aiatolás iranianos.
Cada vez que um evangélico critica a Rede Globo eu me flagro a perguntar: Como seria uma emissora liderada por eles? Adianto a resposta: insípida, brega, chata, horrorosa, irritante.
Prefiro, sem pestanejar, textos do Gabriel Garcia Márquez, do Mia Couto, do Victor Hugo, do Fernando Moraes, do João Ubaldo Ribeiro, do Jorge Amado a qualquer livro da série “Deixados para Trás” ou do Max Lucado.
Toda a teocracia se tornará totalitária, toda a tentativa de homogeneizar a cultura, obscurantista e todo o esforço de higienizar os costumes, moralista. 
O projeto cristão visa preparar para a vida. Cristo não pretendeu anular os costumes dos povos não-judeus. Daí ele dizer que a fé de um centurião adorador de ídolos era singular; e entre seus criteriosos pares ninguém tinha uma espiritualidade digna de elogio como aquele soldado que cuidou do escravo.
Levar a boa notícia não significa exportar uma cultura, criar um dialeto, forçar uma ética...todos podem continuar a costurar, compor, escrever, brincar, encenar, praticar a justiça e criar meios de solidariedade; Deus não é rival da liberdade humana, mas seu maior incentivador.
Portanto, Deus nos livre de um Brasil evangélico.


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NOTA DESTE BLOGGER: Finalizo este artigo com umas palavras de C. S. Lewis que disse: "De todas as tiranias, aquela exercida sinceramente em prol do bem de suas vítimas talvez seja a mais opressiva. É melhor viver sob exploradores ladrões do que sob a onipotência moral dos intrometidos. A crueldade dos exploradores às vezes adormece, sua cobiça pode ser saciada em algum momento; mas aqueles que nos atormentam em nome do nosso próprio bem nos atormentarão para sempre, porque eles o fazem com a aprovação de suas próprias consciências"

12 de fev. de 2011

BIG BOSTA BRASIL



BIG BROTHER BRASIL
(Luiz Fernando Veríssimo)
Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço...A  décima primeira (está indo longe!) edição do BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a ser difícil,... encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência.

Dizem que em Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo. O BBB é a pura e suprema banalização do sexo. Impossível assistir, ver este programa ao lado dos filhos. Gays, lésbicas, heteros... todos, na mesma casa, a casa dos “heróis”, como são chamados por Pedro Bial. Não tenho nada contra gays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza ao vivo na TV, seja entre homossexuais ou heterosexuais. O BBB é a realidade em busca do IBOPE...
Veja como Pedro Bial tratou os participantes do BBB. Ele prometeu um “zoológico humano divertido” . Não sei se será divertido, mas parece bem variado na sua mistura de clichês e figuras típicas.
Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível. Em um e-mail que  recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se morrer tão cedo.

Eu gostaria de perguntar, se ele não pensa que esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade.

Outro dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente, chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis?

São esses nossos exemplos de heróis?

Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros: profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos os professores), carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadores incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções com dedicação, competência e amor, quase sempre mal remunerados..

Heróis, são milhares de brasileiros que sequer têm um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir e conseguem sobreviver a isso, todo santo dia.

Heróis, são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e digna.

Heróis, são aqueles que, apesar de ganharem um salário mínimo, pagam suas contas, restando apenas dezesseis reais para alimentação, como mostrado em outra reportagem apresentada, meses atrás pela própria Rede Globo.

O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral.

E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a "entender o comportamento humano". Ah, tenha dó!!!

Veja o que está por de tra$$$$$$$$$$$$$$$$ do BBB: José Neumani da Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões de pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trinta centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e setecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos mil reais a cada paredão.

Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social: moradia, alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros?

(Poderiam ser feitas mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores!)

Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores.

Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa..., ler a Bíblia, orar, meditar, passear com os filhos, ir ao cinema..., estudar... , ouvir boa música..., cuidar das flores e jardins... , telefonar para um amigo... , visitar os avós... , pescar..., brincar com as crianças... , namorar... ou simplesmente dormir.

Assistir ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda resta dos valores sobre os quais foi construída nossa sociedade.
Um abismo chama outro abismo.
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NOTA DESTE BLOGGER: ESSE RECEBI PELO EMAIL DE UM AMIGO, COMO GOSTEI DO CONTEÚDO RESOLVI PUBLICAR. SÓ NÃO SEI REALMENTE SE É DE LUIZ FERNANDO VERÍSSIMO, MAS CONCORDO EM GÊNERO. NÚMERO E GRAU.

VAGABUNDOS, NÓS?



Não quero nem saber se me chamam de radical, mas o que tenho certeza é que, 90% dos problemas de nossa nação estão nas mãos dos corruptos do Planalto.
Por que falo isso? Outro dia vi meu vizinho limpando o esgoto de sua casa e a rua. Verdadeiramente não custa nada fazer isso, mas eu acho que, se pago impostos eles devem ser para me beneficiarem e a outros milhões de pessoas que também pagam os mesmos impostos, dentre eles, federais, estaduais e municipais.
Ainda bem que temos o recolhimento de lixo três vezes por semana, mas pagamos a taxa de iluminação pública para os órgãos de eletricidade, no entanto, nossas suas ruas são escuras, pelo menos a minha é e se eu não coloco uma ponta de energia no muro de minha casa, seriam trevas totais.
É tanto imposto que eu mesmo não sei quantificar. Embutidos. Em nossa cara abertamente. Nosso país é rico. Há tudo em fartura, mas em poucas mãos. Os cofres públicos estão abarrotados de dinheiro, mas não são revestidos para o povo brasileiro.
Se eu não tiver um plano de saúde, eu e minha família morremos na porta dos hospitais públicos. Os médicos que passam anos estudando são mal remunerados, obrigados a carregarem um peso de responsabilidade que não é deles e sim da má gestão de nossos governantes. Remédios em falta nestes hospitais. Pessoas esperam até anos para receberem suas medicações.
Se eu não colocar meus filhos em uma escola particular, eles não terão chance de um bom ensino, porque nossas escolas públicas estão um verdadeiro caos e uma vergonha estampada. Escolas quebradas. Sem materiais, mal acabadas. Professores mal preparados, mal remunerados por conta da má gestão de nossos governantes. Alunos se tornando marginais. Jovens se acabando nas drogas e não há um plano sequer de recuperação destes. Pais se vêem obrigados a custear esses tratamentos.
Segurança não existe. Nossa polícia é um verdadeiro caos. Os marginais estão bem mais armados e preparados do que os senhores da lei por conta da má gestão de nossos governantes. Muitos deles são fracos e se corrompem e passam a receber propina de bandidos com a desculpa que querem sobreviver. Também, um salário de miséria que é pago a esses senhores só dá nisso.
Um país para se desenvolver tem que investir em saúde, educação e segurança. Só assim uma nação cresce. Fatores primordiais que estes nossos governantes não se preocupam.
Estão mais preocupados em aumentar seus salários em detrimento da desgraça dos brasileiros que comem pão dormido com água.
Lembro-me do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que chamou nossos aposentados de vagabundos. Aqueles que contribuem com o INSS durante 35 anos de sua vida e muitas vezes morrem e não recebem nada. Esse vagabundo hoje é mantido pelo INSS com salários entre 20.000,00 até 30.000,00 sem ter contribuído um único centavo sequer com a instituição. Vagabundo é você Fernando Henrique Cardoso. O teto máximo que se paga no INSS a alguns aposentados é 3.000,00. Aqueles que trabalharam a vida toda e contribuíram a vida toda. Assim como FHC, também Lula, Itamar, Collor, Sarney e ainda vários governadores de vários estados. Tudo isso com o nosso dinheiro. Com o dinheiro que era para ir para os aposentados. E ser investido em outros setores do país. Principalmente na área social.
O governo gasta só com pagamento de folha 183 bilhões de reais e ainda querem recriar o CPMF com a desculpa de dizer que faltam 40 bilhões para manutenção do equilíbrio das reservas cambiais.
Vocês tem é que parar de superfaturar suas contas e investirem com seriedade no povo brasileiro.
O brasileiro vive mal. Mora mal. Estuda mal.
Esse povo não tem a quem recorrer.
Na era Lula nunca mais vimos protestos das sindicais trabalhistas, uniões estudantis e outras, sabe por quê? Lulinha paz e amor investiu tanto em convenções destes sindicatos e uniões que eles fizeram seus papéis direitinho: se calaram e os bandidos do MST invadiram mais terras sem serem ameaçados por ninguém. Quantos mataram e não foi noticiado? O que me deixa triste é que a nossa imprensa não faz o seu papel corretamente e ainda quer que a gente engula os imbecis do BBB chamando-os de heróis. Para mim são vagabundos da mesma laia do Planalto que estão acabando com a moralidade e a ética de toda uma nação. Heróis são aqueles que batalham durante o mês, ganham menos de um salário mínimo e ainda conseguem se manter vivos.
Todo ano recebemos as notícias das secas no nordeste e das enchentes nas grandes cidades, matando milhares de pessoas, por causa da falta e da abundância de chuvas respectivamente e por causa da indiferença de nossos governantes.
Um país onde o Ministério da Economia é o principal de um país, está na cara que é um país que se preocupa mais com o financeiro do que com o social, onde não pode chegar ao desenvolvimento necessário para dar uma boa vida aos seus habitantes. O pior é que eu vejo artigos e mais artigos de pessoas que defendem a direita liberal e outras que defendem a esquerda comunista socialista, mas para mim, todos farinha do mesmo saco furado, no final, não prestam para nada. Somente buscam pelo lado que lhes garanta uma vida sem dificuldade, muitas vezes, financeira. Já fui defensor partidário, hoje vejo com indiferença.
Sem educação, saúde e segurança, não há desenvolvimento.








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