21 de jun. de 2011

PARTE II

Muitas igrejas levam seus obreiros a estudarem Teologia com o objetivo de capacitá-los mais para o ministério pastoral.  Quando a Teologia não é proselitista como exige o MEC, você vê muitas coisas que para muitos não era para se ver. Por isso, grandes igrejas formam suas próprias turmas de Teologia e os preparam com suas próprias informações. Com seus dogmas, interpretações e tradições.
            Foi este tipo de “informações” que passei a questionar. Já não mais acreditava em tudo aquilo que via, lia e não me contentava mais com a falta de respostas plausíveis. Não queria mais contentar-me com a fé. Ela já não era tão suficiente assim. Para piorar em 2009 fui consagrado a pastor.
            A coisa começou a pesar mais ainda. Via a alegria e ao mesmo tempo a preocupação estampadas no rosto de minha esposa. Ela também foi consagrada à pastora. Será que ela já percebia a mudança? Não duvido. A mulher percebe muito mais longe do que gente.
            Agora como lhe dar com o ministério e as mudanças de convicções? Foi um ano de sofrimento, pregar aquilo que não mais acreditava. Nunca daria certo e não deu. A igreja em um ano saiu de 04 pessoas (eu, minha esposa e meus dois filhos) para 58 pessoas. Comecei a transparecer que havia mudado. Que não mais acreditava em tudo da bíblia. Comecei a tirar os pulos, os gritos, o cai-cai, a língua só se fosse com tradução. A igreja percebeu ao longo de seis meses e logo dividiu-se e 50 pessoas saíram com os outros dois pastores que me auxiliavam. Restaram apenas oito. Que atitude tomar? Assumi de vez minha condição de não mais cristão. De não mais crer na bíblia como palavra de Deus. Entreguei o ministério. Assumi junto à minha esposa que já sofria demais com todo o acontecimento. Assumi junto aos meus filhos. Sou bombardeado. Se não fosse pela minha família e meu trabalho, talvez estivesse só hoje. Sou chamado de rebelde e que o diabo está trabalhando em minha vida, ou outros chegam e dizem que tudo isso é propósito de Deus. Foi um choque para minha esposa, mães e meus filhos. Para mim foi pior ainda. Só que tudo tem mudado.  
            Aprendi também que ética e moral não são relacionadas à religião alguma, pois existem religiosos que não as tem. É proveniente da própria pessoa
            Não posso dizer que me tornei um ateu convicto. Só o que sei sobre Deus é proveniente da bíblia, que já não mais creio. Quero ter a coragem de ainda buscar a Deus através de outros caminhos. Se assim continuar, a probabilidade é muito grande de não crer na sua existência, pois passei por grandes momentos de angústia após assumir e chorei muito, creio que só não fiquei pior porque tinha meu trabalho e caí de cabeça nele.
Foram doze anos de evangelho com dedicação. No meu apartheid, nos meus momentos de angústia, tristeza, solidão, lágrimas, após perder a fé, não recebi sequer uma palavra de Deus de consolo. Peço que ele o faça nestes momentos, pois a palavra dele para outros não serve para mim. A “revelação” dele para outros, não serve para mim. Eu quero ouvir dele próprio o que tem a dizer como orientação. Ainda não veio a mim em nenhum momento. Não me interessa o que tem os outros a dizer, pois o que eles tem a me dizer eu conheço.
As pessoas não aceitam que você tenha mudado. Que você foi utilizado grandemente dentro da igreja e não tem mais nenhum interesse ou mesmo credibilidade.

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